As lesões relacionadas ao trabalho por definição resultam de padrões realizados no exercício da profissão. Podem ser chamadas lesões por esforços repetitivos (LER) e/ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Estas lesões não são fruto exclusivo de movimentos repetitivos, podem ocorrer pela permanência dos segmentos do corpo em determinadas posições por tempo prolongado, a necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar as suas atividades ou pela pressão imposta pela organização do trabalho, entre outros.

Estes quadros clínicos, em sua maioria, trazem dores limitantes para quem as sente. As dores no ambiente de trabalho trazem prejuízos tanto ao trabalhador quanto ao empregador.

E aqui abrimos uma breve explicação do que é dor, segundo a Organização Mundial da Saúde.

“Experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada a uma lesão tecidual real ou potencial, abrangendo as mais variadas experiências de dor, (…) válida tanto para dor aguda como crónica e aplicável a humanos e animais.”
“A dor é sempre uma experiência pessoal que é influenciada em graus variáveis por fatores biológicos, psicológicos e sociais.”
“O relato de uma pessoa sobre uma experiência de dor deve ser respeitado.”
“Embora a dor geralmente cumpra um papel adaptativo, esta pode ter efeitos adversos na função e no bem estar social e psicológico.”

É importante destacar que as LER/DORT têm origem multifatorial, as causas vão além da sobrecarga física, dado que podem passar pela organização do trabalho, dificuldades interpessoais, fatores ergonómicos e até mesmo o uso inadequado de instrumentos mais específicos de trabalho.

Em consequência destas lesões, as pessoas afastam-se das suas funções e muitas vezes limitam as suas atividades sociais, como a prática de exercício físico ou os passeios em família. Para além disso, podem desenvolver quadros psicopatológicos como depressão e ansiedade que comprometem a qualidade de vida destes trabalhadores.

A perceção de baixa produtividade e o medo de ser julgado pelos colegas de trabalho contribuem para o adiamento da procura de tratamento e dificultam o diagnóstico da doença. Para aumentar a complexidade dos casos, as crenças e o próprio comportamento do doente exercem influências marcantes sobre a dor, a incapacidade e o resultado do tratamento.

De acordo com o Sistema Nacional de Saúde, o absentismo por doença sofreu um aumento face a 2019 de 54%, um aumento muito expressivo e que precisa de intervenções rápidas!

E como lidar com este desafio?

A prevenção sempre será a melhor alternativa para minimizar ou até mesmo evitar a doença no contexto laboral.

Alguns estudos indicam que a diminuição dos índices de doenças ocupacionais apresenta uma relação direta com a condição física do colaborador. Assim sendo, para além da inclusão de programa de atividades físicas para os trabalhadores, devem ser adotadas algumas estratégias, entre elas: medidas de segurança, diminuição da carga de trabalho, ajuste no número de trabalhadores, flexibilidade de horário, acesso a profissionais de saúde física e mental, realização de análise ergonómica dos postos de trabalho, seguida da adequação destes locais em função de cada indivíduo.

Na presença de LER/DORT, as alternativas possíveis passam pela intervenção farmacológica, através de fisioterapia, ou ambos, de modo a evitar quadros que impliquem intervenção cirúrgica.

Tendo em conta a forma como esta síndrome (LER/DORT) pode ser adquirida, evitada/minimizada e como pode ser tratada é de imensa importância que as instituições adotem programas que visem melhorar a qualidade de vida dos seus colaboradores!