Todos nós já ouvimos dizer que o cérebro depois do seu crescimento total, se torna imutável e incapaz de gerar novas ligações e continuar a reproduzir novas células. E é verdade, no entanto, algumas pessoas não sabem é que o nosso cérebro tem capacidade de restabelecer novas conexões e de criar caminhos alternativos para restaurar ou criar uma atividade neural — Neuroplasticidade- ou seja, o nosso Sistema nervoso tem a capacidade de se moldar às adversidades do meio e restabelecer funções e criar conexões entre as áreas do cérebro.

E como se sabe, o sistema nervoso é composto por células nervosas, ou os neurónios. Estes comunicam entre si através de descargas elétricas e são responsáveis por receber e transmitir informações para o resto do corpo, permitindo realizar as ações do nosso dia a dia (ex: pensar, falar, andar, comer, escrever, etc…). E é esta comunicação entre os neurónios que permite o funcionamento cerebral e nos torna funcionais no dia-a-dia. Contudo, por vezes, a mãe-natureza cria-nos alguns obstáculos que perturbam o funcionamento normativo do SN, tais como as perturbações neurológicas, AVC’s, Traumatismos crânio-encefálicos, perturbações de neurodesenvolvimento, entre outras.

E, atualmente, com o avanço científico na área da neurociência, sabemos que sempre que existe alguma perturbação ou disfunção neurológica ou suspeita, a atividade cerebral pode ser avaliada por diversos métodos clínicos que nos permite, enquanto profissionais de saúde, verificar o funcionamento e/ou disfunção neurológica. O eletroencefalograma (EEG) é um dos métodos que nos possibilita analisar e monitorizar a atividade elétrica do cérebro. O EEG permite-nos identificar as ondas cerebrais, os seus padrões, amplitudes e frequências que mais tarde nos permite definir as melhores intervenções de acordo com a análise.

Há uns anos tínhamos sérias dúvidas e pouco se sabia e fazia em pacientes com disfunções na atividade cerebral; a medicação não atuava diretamente nesta disfuncionalidade, apenas atuava sobre os sintomas das disfunções, as terapias (psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, etc) por si só também não tinham a capacidade de alterar o funcionamento do SN. Pelo que estudos na área da Neurologia debruçaram-se a encontrar uma forma de aumentar a qualidade de vida dos pacientes aprimorando o funcionamento cerebral através da Neuromodulação Autorregulatória, ou seja, a forma de estimular as capacidades e competências do nosso cérebro de forma a normalizar ao máximo toda a atividade cerebral- Intervenção por Neurofeedback.

A Intervenção por Neurofeedback é um procedimento não invasivo, nem doloroso; consiste na colocação de elétrodos no couro cabeludo do paciente para medir a atividade cerebral e treinar determinada atividade através de jogos e imagens projetadas num monitor. Este treino permitirá alterar padrões de ondas cerebrais promovendo a capacidade de autorregulação, sendo esta generalizada posteriormente para outras áreas da vida. Ou seja, o neurofeedback assenta no registo e análise automática da atividade elétrica do cérebro, procurando verificar e treinar a atividade cerebral de forma a potenciar o treino de processos mentais e permite o equilíbrio da função cerebral, bem como a correcção de distúrbios que se podem observar na atividade cerebral.

As alterações da atividade elétrica do cérebro (presença de ondas mais lentas ou mais rápidas) e área onde se encontram, levam a alterações do comportamento e da forma como processamos a informação à nossa volta. Assim, estas alterações podem-se traduzir em queixas como: dificuldades de concentração e de atenção, dificuldades de aprendizagem, desequilíbrio emocional, ansiedade, ataques de pânico, depressão, etc.

A intervenção por Neurofeedback surge através da combinação do princípio do condicionamento operante e do modelo de aprendizagem, que nos diz que a comunicação cerebral ocorre através da atividade elétrica (ondas elétricas cerebrais) entre os neurónios, sendo que essa atividade ao ser visualizada (feedback audiovisual em tempo real, por exemplo), permite que as pessoas possam autorregular a atividade cerebral tendo em conta o condicionamento operante (tentativa-erro). Sendo o condicionamento operante um processo subconsciente, dependente do fluxo dos eventos que ocorrem naturalmente, e que a qualquer momento que ocorrem podem ser reforçados. pelo que é necessário que ocorra um processo de aprendizagem, para que os padrões de atividade sejam aprendidos pelo cérebro através do feedback transmitido através do computador. O modelo de aprendizagem, reflete a importância de áreas como o estriado e a ínsula (além do tálamo e córtex frontal), em que o seu envolvimento no processo de aprendizagem contribui com base em recompensa e autoconsciência.

Utilizar o Neurofeedback na Intervenção Psicológica revela-se uma ferramenta adicional imprescindível de forma a fortalecer padrões chave cerebrais, melhorando a comunicação e o timing cortical bem como, permite que áreas cerebrais diferentes tenham um desempenho mais eficiente na sua atividade cerebral. No entanto, também poderá ser útil em casos que não existe uma patologia especifica associada, mas sim problemas do dia-a-dia (ex.: mente agitada, dificuldades de sono), assim como aumentar a performance cerebral (i.e.: Peak Performance) que é muito utilizado na comunidade de Alta Performance no Desporto. Revela-se assim útil no que diz respeito a intervir no âmbito: (a) escolar, profissional ou desportivo; (b) qualidade e rapidez na tomada de decisão; © competências de lidar com o stress, interações sociais; (d) na resiliência emocional e também na autoexpressão.

Neste sentido, o Neurofeedback pode e deve ser aplicado em diagnósticos como:

• Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA);

• Dificuldades de Aprendizagem (Dislexia, discalculia, exemplo) e/ou de processamento Cognitivo;

• Stress Pós-Traumático;

• Depressão e/ou Ansiedade;

• Fibromialgia e Dor Crónica;

• Epilepsia;

• Problemas neurológicos (ex.: TCE, etc);

• Dificuldades a nível do sono (em adormecer, manter-se acordado ou acordar antes da hora) e Pesadelos

• Mente agitada e/ou ruminação;

• Dificuldades em gerir emoções;

• Dificuldades a nível da linguagem ou expressividade;

• Perturbações a nível do processamento sensorial motor;

• Traumas desenvolvidos, entre outros.

Como funciona o neurofeedback?

Depois de realizar-se a Avaliação Neuropsicológica e o EEG quantitativo onde identificamos as ondas desreguladas em cada sessão de neurofeedback colocam-se alguns elétrodos no couro cabeludo, de forma que as ondas cerebrais presentes nas áreas subjacentes aos sensores possam ser captadas e processadas pelo software do computador. Nesta altura, o Neuroterapeuta devidamente certificado analisa as ondas cerebrais, dando instruções ao paciente para que evite que o seu cérebro as produza e em simultâneo é mostrado um jogo de computador em tempo real, cujos paradigmas do jogo só serão resolvidos se as ondas anormais forem substituídas por ondas normais, por exemplo em crianças com PHDA este processo acontece sempre que uma criança se esforça por estar atenta ao jogo. O processo de atenção e o relaxamento muscular permitem substituir ondas lentas (desreguladas) por ondas mais rápidas, responsáveis por uma dinâmica cerebral mais eficiente.

Assim, ao longo das sessões, o cérebro irá produzir cada vez menos ondas anormais, substituindo-as pelas ondas desejadas. Trata-se de um processo de aprendizagem a nível consciente e inconsciente que permite a diminuição sintomatológica de diversas patologias.

Quero fazer tratamento, o que devo fazer?

Na NeuroGime, deve agendar uma consulta com o médico psiquiatra e Psicólogo/Neuropsicólogo, de modo a transmitir as suas queixas e/ou condições, referindo o seu interesse em realizar este procedimento. Depois, deve ser submetido à realização da Avaliação Neuropsicológica e do Eletroencefalograma (EEG) de modo a analisar as ondas cerebrais e traçar o perfil do utente, correspondente à sintomatologia apresentada. Após obter os resultados será reencaminhado para o profissional de equipa qualificado para realizar as sessões de Neurofeedback com o protocolo de intervenção adequado às suas necessidades. Ou seja,

1. Entrevista clínica — Anamenese

2. Avaliação Neuropsicológica e Electrofisiológica através da realização do EEG.

3. Diagnóstico dos padrões disfuncionais da atividade cerebral e determinação do plano de tratamento.

4. Programa de treino standard 20 -40 sessões, com frequência bissemanal e duração de 1 hora.

5. Entrevista clínica e reavaliação neuropsicológica e eletrofisiológica através da realização do EEG após o término do programa.

O nosso serviço de tratamento é dedicado a todas as pessoas que, fruto de uma lesão e/ou doença neurológica, apresentam alterações físicas, cognitivas e emocionais e, por isso, necessitam da estimulação correta para o seu sistema nervoso se reorganizar, permitindo a recuperação funcional do paciente, seja recuperando competências perdidas ou permitindo a aquisição de novas competências.

Adicionalmente, oferecemos uma resposta inovadora e com uma alta taxa de sucesso no tratamento de patologias do foro psicológico. De referir que todos os tratamentos sugeridos e realizados pelos nossos profissionais têm carácter de rigor e estão devidamente baseados na evidência, ou seja, os estudos científicos mais recentes já provaram e demonstraram que, através da sua aplicação, existem ganhos no processo clínico.